Publicidade

Síndico de condomínio de luxo em Manaus causa revolta com fala classista: “Lugar de sujismundo é na Zona Leste”

Declarações discriminatórias atribuídas ao gestor, que também é servidor público, geram indignação entre moradores e aprofundam crise administrativa no residencial localizado na Avenida Torquato Tapajós.

Portal O Fato
Síndico de condomínio de luxo em Manaus causa revolta com fala classista: “Lugar de sujismundo é na Zona Leste” Foto: Reprodução

Moradores de um condomínio de alto padrão, localizado na avenida Torquato Tapajós, zona norte de Manaus, estão em choque após declarações atribuídas ao síndico do residencial que causaram indignação e revolta entre os condôminos. Em mensagens enviadas a um grupo de WhatsApp, o gestor – que também atua como tenente do Corpo de Bombeiros do Amazonas e exerce função na Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-AM) – teria feito comentários considerados classistas e ofensivos à população da periferia da capital amazonense.


As falas vieram à tona durante uma discussão sobre a obrigatoriedade de os próprios moradores limparem o salão de festas após o uso. Na tentativa de justificar a regra, o síndico afirmou:


“É pra usar mesmo. Uso, limpou. Porque a gente não mora lá na zona norte, no Monte Horebe, não. A gente mora em condomínio de luxo.”

E complementou:


“Ao contrário, é pra usar muito. E toda vez que usar, deixar limpo porque lugar de sujismundo não é em condomínio de luxo. Lugar de sujismundo é em bairro, lá na zona leste, lá no Monte Horebe.”


As falas, rapidamente replicadas entre os condôminos, foram consideradas ofensivas por associarem pobreza à sujeira e à má convivência. Muitos moradores entenderam o discurso como discriminatório e elitista, ao reforçar estigmas históricos que marginalizam comunidades da zona leste e zona norte de Manaus — regiões habitadas por grande parte da população trabalhadora da cidade.

Uma moradora, que preferiu não se identificar por medo de retaliações, criticou duramente o comportamento do gestor:


“É inaceitável que um representante eleito para promover harmonia entre vizinhos se utilize de sua posição para disseminar preconceito. Ele deveria ser exemplo, não fonte de divisão.”


Além da repercussão negativa das declarações, o episódio reacende um clima de tensão já existente no condomínio. Moradores relatam que o síndico já vinha sendo alvo de críticas por autorizar obras e reformas sem aprovação prévia em assembleia, alegando emergência, porém sem apresentar laudos técnicos que justificassem as intervenções. Também há relatos de assédio moral contra funcionários e de falta de transparência na prestação de contas.

A crise culminou na renúncia coletiva dos membros do conselho administrativo, além de supervisores de manutenção e portaria, que formalizaram seu desligamento por não concordarem com a condução da gestão e com o ambiente hostil instaurado.

Diante das recentes denúncias, moradores passaram a protocolar requerimentos solicitando esclarecimentos e prestação de contas detalhadas. Há também expectativa de que o caso seja formalmente encaminhado à Corregedoria da SSP-AM, considerando que o síndico ocupa função de confiança na estrutura pública estadual.

A equipe de reportagem tentou contato com o síndico, identificado como Antônio Júnior, para que ele pudesse apresentar sua versão dos fatos, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

O caso escancara não apenas os desafios da gestão condominial em ambientes de alto padrão, mas também a persistência de discursos discriminatórios em segmentos privilegiados da sociedade. Para especialistas, episódios como esse reforçam a necessidade de formação e capacitação adequada para síndicos, especialmente quando ocupam também funções públicas com dever de exemplaridade.




COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login