Na manhã desta segunda-feira (12), um grave episódio de imprudência no trânsito mobilizou moradores e chamou a atenção para os riscos que condôminos enfrentam até mesmo nas áreas que deveriam ser de maior segurança: as calçadas e acessos de entrada e saída dos prédios. O caso ocorreu no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.

O casal de servidores públicos Amália Guerra Barreto e Flávio Japiassu passou por momentos de pânico ao sair da garagem do prédio onde moram, quando o veículo da família foi violentamente atingido por um motociclista que trafegava irregularmente sobre a calçada. O motociclista, que tentava fugir do congestionamento da Avenida Beira Mar, invadiu a área destinada a pedestres e acabou colidindo com o carro do casal, que sequer havia completado a saída da garagem.

O impacto da colisão foi tão intenso que tanto o condutor da moto quanto uma mulher que estava na garupa foram arremessados por cima do carro. A motocicleta, desgovernada, ainda foi projetada de volta à via pública, atingindo outros dois motociclistas que aguardavam no trânsito.

Segundo Amália, o acidente aconteceu em um horário de grande circulação de moradores, muitos deles passeando com animais de estimação ou levando filhos para a escola.

“Eu estou em estado de choque. É desesperador pensar que um acidente dessa gravidade ocorreu na porta da nossa casa. Não consegui trabalhar. Fiquei completamente abalada”, relatou a motorista em entrevista.

A calçada em frente ao edifício possui uma rampa de acessibilidade, o que, de acordo com a vítima, pode ter facilitado a entrada indevida da motocicleta. Ela também afirmou que só percebeu que havia sido um acidente quando sentiu o forte impacto sobre o carro, imaginando inicialmente que algo tivesse caído sobre o veículo.

Após o acidente, o motociclista se levantou, ajudou a mulher que estava na garupa a subir novamente na moto e tentou minimizar a gravidade da situação. Segundo Amália, ao ser confrontado, o homem chegou a afirmar:

“Eu errei, mas essas peças você compra na OLX”. A resposta irônica causou ainda mais indignação à condutora, que teve seu veículo bastante danificado.

O casal ofereceu ajuda e sugeriu acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas o motociclista recusou o socorro, alegando que procuraria atendimento médico por conta própria devido a dores no joelho. A mulher que o acompanhava, que havia batido as costas em uma árvore, seguiu viagem com outro motociclista que passava pelo local.

O casal registrou boletim de ocorrência de forma online e trocou contatos com o motociclista durante a tarde. Flávio Japiassu, que estava no banco do carona, desceu imediatamente após o acidente para verificar o estado de saúde das vítimas e ajudar no que fosse possível.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), trafegar sobre calçadas é uma infração gravíssima, com penalidade de multa no valor de R$ 880,41 e sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O Código é claro ao estabelecer que calçadas são áreas de uso exclusivo de pedestres e não devem, sob nenhuma circunstância, ser utilizadas como rotas alternativas para escapar do tráfego.

O episódio reforça a urgente necessidade de conscientização sobre o uso responsável das vias urbanas, especialmente em áreas residenciais. Também destaca a vulnerabilidade dos moradores diante da imprudência de terceiros, mesmo dentro dos limites dos condomínios.

Gestores condominiais e síndicos devem redobrar a atenção com a segurança nas áreas de acesso a edifícios, instalando sinalizações, espelhos convexos e, sempre que possível, sistemas de alerta ou câmeras de vigilância voltadas para calçadas e garagens.