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Homem morre com explosivos em apartamento e revela método de facção

João Paulo de Oliveira Nascimento, de 46 anos, manuseava explosivos em seu apartamento quando foi arremessado pela janela; Polícia Civil investiga envolvimento com a facção criminosa.

UOL
Homem morre com explosivos em apartamento e revela método de facção Foto: Reprodução

A explosão ocorrida em um apartamento no bairro Anil, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 4 de janeiro de 2025, não apenas resultou na morte de João Paulo de Oliveira Nascimento, de 46 anos, como também escancarou um esquema criminoso sofisticado, operado pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), especializado na fabricação de artefatos explosivos para uso em ações violentas do tráfico.

De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, João Paulo estaria manuseando uma bomba caseira de alta potência dentro do apartamento onde vivia com a esposa e dois filhos, quando o artefato explodiu acidentalmente. O impacto da explosão foi tão intenso que ele foi arremessado pela janela do sétimo andar, morrendo instantaneamente.

A perícia realizada no local revelou que o imóvel funcionava como uma verdadeira “fábrica clandestina de explosivos”. Foram apreendidos diversos materiais utilizados na fabricação de bombas, incluindo pólvora, circuitos eletrônicos, detonadores improvisados e componentes metálicos. Além disso, a polícia encontrou roupas com dispositivos falsos de alarme (usados para furto), aparelhos de clonagem de cartão (conhecidos como “chupa-cabras”) e 150 cartões magnéticos em branco.

A investigação, que já vinha monitorando movimentações financeiras suspeitas ligadas à facção, descobriu que João Paulo recebia pagamentos periódicos de aliados do TCP, inclusive de empresas laranjas situadas no Complexo de Israel — base operacional de Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, um dos chefes da facção. Um dos comprovantes de transferência, datado de outubro de 2024, incluía inclusive a descrição “bomba”, o que reforça a ligação direta com o esquema.

Somente entre os dias 10 e 13 de outubro, a esposa de João Paulo recebeu cerca de R$ 15 mil por meio de transferências via Pix. Em depoimento à Polícia Civil, ela admitiu ter conhecimento do envolvimento do marido com atividades criminosas, como clonagem de cartões e produção de explosivos. Disse ainda que chegou a presenciar a montagem dos artefatos e que tentou, sem sucesso, convencê-lo a abandonar a vida no crime. Ela afirmou também que era forçada a receber em sua conta valores em nome de terceiros.

Segundo os investigadores, bombas semelhantes às encontradas no local foram usadas em confrontos violentos entre o TCP e o Comando Vermelho (CV), especialmente em comunidades dominadas pelas facções, como o Morro dos Macacos e a favela do Jacaré. O material explosivo servia para atacar bases rivais, intimidar moradores e até retardar a entrada da polícia em áreas conflagradas.

A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) segue com as investigações para rastrear outros envolvidos na rede de produção e distribuição de explosivos e para identificar quem está por trás das empresas que financiam diretamente as atividades da facção. O caso também levantou alerta entre órgãos de segurança e defesa civil quanto ao risco de explosões em imóveis residenciais usados como laboratórios clandestinos, colocando em risco moradores de prédios inteiros.

Este episódio reforça a necessidade de fiscalização mais rigorosa em condomínios e prédios urbanos, e a importância da denúncia anônima por parte da vizinhança quando há suspeitas de atividades suspeitas em imóveis aparentemente comuns.




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