Moradores de condomínios localizados em Turiaçu, na Zona Norte do Rio, e também em Madureira, estão denunciando um grave esquema de extorsão praticado por traficantes. Segundo relatos, os criminosos assumiram a administração dos prédios e passaram a cobrar uma taxa mensal de R$ 350 dos moradores — sob ameaça de expulsão ou até perda definitiva do imóvel para quem se recusar a pagar.

De acordo com os relatos, o condomínio de Turiaçu é composto por seis blocos e cerca de 480 moradores. Funcionários da administração anterior teriam sido expulsos pelos traficantes, que agora controlam o espaço e impõem o pagamento obrigatório. “O proprietário que se recusa a pagar vai perder o apartamento”, revelou um morador, sob anonimato, temendo represálias.

A justificativa usada pelos criminosos para a cobrança seria a oferta de uma suposta “segurança”, prometendo evitar assaltos ou vandalismo nos prédios. A prática se assemelha a esquemas de milícias, onde o controle sobre a comunidade é exercido por meio de intimidação e serviços forçados.

Na quarta-feira (7), a Polícia Civil confirmou que está investigando o caso em Madureira, onde um condomínio também estaria sendo alvo de extorsão similar. Moradores de outras regiões do Rio e da Baixada Fluminense relataram situações parecidas, mostrando que o problema é mais amplo do que se imaginava.

Delegacias especializadas e distritais estão conduzindo investigações em diferentes localidades, buscando responsabilizar os envolvidos. No entanto, a população ainda se sente desprotegida e teme denunciar formalmente devido às constantes ameaças.

A situação evidencia a fragilidade da presença do Estado em algumas regiões urbanas, onde o poder paralelo impõe regras, domina territórios e transforma o cotidiano de centenas de famílias. Especialistas apontam que ações conjuntas entre segurança pública, Ministério Público e programas sociais são fundamentais para combater esse tipo de crime, garantindo o direito básico à moradia e à segurança dos cidadãos.