Moradores desistem de totens de segurança e apostam em vasos de planta para coibir furtos na porta de condomínio em SP
Equipamento prometia acionar automaticamente a polícia em caso de assalto, mas moradores se decepcionaram com a ineficácia e optaram por soluções alternativas

Moradores de prédio na Consolação, em SP, desistem de totens com câmeras e recorrem a vasos de planta para inibir assaltos
Síndica e porteiros relatam frustração com tecnologia de monitoramento: “A polícia nunca apareceu nem para perguntar quem foi roubado”
São Paulo (SP) — Em meio ao crescimento dos índices de furto na região central da capital paulista, moradores de um prédio residencial localizado no bairro da Consolação decidiram tomar uma medida inusitada para tentar barrar a ação de criminosos: posicionaram vasos de planta grandes na entrada do condomínio para dificultar a aproximação de assaltantes. A decisão veio após uma série de frustrações com a tecnologia dos totens com câmeras de segurança, instalados no local há cerca de um ano.
De acordo com a gestora predial Janaína Kusieluskus, a expectativa inicial com o uso dos equipamentos era de que a polícia fosse acionada automaticamente em caso de ocorrências — o que não aconteceu.
“A ideia que nos vendem é maravilhosa. Mas na prática, a polícia nunca apareceu nem para perguntar quem foi roubado, nem se tínhamos imagens ou informações sobre o suspeito”, lamentou ela ao programa Profissão Repórter, da TV Globo.
O condomínio paga R$ 600 por mês pelo serviço. No entanto, diante da falta de resultados práticos, os moradores já decidiram suspender o contrato e planejam investir em um sistema próprio de câmeras internas, monitorado diretamente pelos funcionários do prédio.
Segundo os porteiros Julio Oliveira e Rodrigo Melo, os vasos têm funcionado melhor que os equipamentos.
“O vaso grande impede que o bandido se aproxime da pessoa que está usando o celular”, explicou Julio.
]Rodrigo relatou que, em média, dois celulares são roubados por dia nas imediações do prédio. A região da Consolação registrou 4.276 furtos entre janeiro e maio de 2025, segundo dados oficiais — o equivalente a 28 ocorrências por dia.
O síndico profissional Diego Beltran reforçou a decepção da comunidade com o serviço de vigilância terceirizada.
“Não surtiu efeito. Continuamos reféns da criminalidade, mesmo com a tecnologia”, afirmou.
Por outro lado, o empresário Luciano Caruso, responsável pela empresa que gerencia os totens, defendeu o serviço. Segundo ele, o sistema não substitui a ação das forças de segurança e sua efetividade depende de um acompanhamento contínuo.
“O cliente que acha que vamos resolver todos os problemas da cidade só com a instalação de um totem talvez tenha entendido errado o propósito. Os resultados são graduais e variam conforme a região”, disse.
A Polícia Civil, por sua vez, avalia que a tecnologia pode ser útil nas investigações. O delegado Thiago Delgado explicou que, além de ter algum efeito preventivo, as imagens captadas podem ajudar a entender a dinâmica dos crimes.
“Alguns criminosos tomam mais cautela ao verem as câmeras, e, após o crime, conseguimos montar melhor o quebra-cabeça com as imagens obtidas”, ressaltou.
Mesmo com os argumentos da empresa e da polícia, os moradores do prédio da Consolação decidiram tomar a segurança em suas próprias mãos — mesmo que isso signifique recorrer a medidas improvisadas como vasos de planta para tentar conter a escalada da criminalidade em um dos bairros mais emblemáticos da cidade de São Paulo.
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