Condomínios exclusivos para 60+ fazem sucesso no Brasil
Envelhecimento acelerado da população impulsiona o crescimento de empreendimentos voltados para a geração 60+, com foco em autonomia e bem-estar

Boom de residenciais para idosos no Brasil: mercado aposta em senior living de alto padrão
O envelhecimento acelerado da população brasileira está transformando o mercado imobiliário. Segundo dados do IBGE, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais quase dobrou desde 2000, passando de 8,7% para 15,6% da população em 2023. Esse cenário tem impulsionado a criação de empreendimentos voltados ao público sênior, conhecidos como senior living, que priorizam autonomia, bem-estar e qualidade de vida.
Expansão e diversidade de modelos
Empreendimentos como a Agerip, em São José do Rio Preto (SP), oferecem moradias independentes com serviços sob demanda, áreas comuns adaptadas e atividades de socialização. A Agerip conta com chalés em comodato, apartamentos e suítes para quem necessita de mais apoio, além de restaurante, hortas e auditório. O projeto visa proporcionar aos idosos liberdade e engajamento social, reforçando que a moradia planejada pode ser uma escolha de autonomia e não de limitação. Atualmente, a Agerip possui 110 chalés prontos, 32 apartamentos e 31 suítes, com 400 associados e 240 moradores. Os preços variam de R$ 6 mil por título em promoção com mensalidade de R$ 330 para atividades incluídas, até R$ 12,3 mil para apartamentos ou suítes com serviços de limpeza, saúde, segurança e atividades físicas.
Outras incorporadoras também apostam no mercado sênior. A Naara Longev, por exemplo, lançou o Naara Life, condomínio de luxo em São Paulo com unidades de 100 a 145 m², com duas suítes e serviços sob medida, a partir de R$ 28 mil/m². Já a Vitacon oferece residenciais verticais com unidades de 27 a 85 m², com VGV estimado em R$ 400 milhões. A Bioos disponibiliza apartamentos de 50 m² a 78 m², com taxas de condomínio e serviços opcionais, com preços entre R$ 22 e R$ 23 mil/m². A Dom/LOMA apresenta estúdios e apartamentos de 1 ou 2 dormitórios com serviços completos, incluindo alimentação, hotelaria, limpeza e ambulatório 24h, com valores mensais entre R$ 12 mil e R$ 25 mil. A Brazil Senior Living (BSL) administra ILPIs como Cora, Vivace e Bem Viver, com assistência médica 24h, e inaugura modelo premium nos Jardins (SP), inspirado na unidade Barra da Tijuca (RJ), com 103 suítes individuais e 13 flats completos, ao custo médio de R$ 10 mil/mês.
Regulamentação e desafios
Apesar do entusiasmo do setor, especialistas alertam para os desafios regulatórios.
“Esses empreendimentos não se encaixam bem nas regras tradicionais de incorporação, locação ou prestação de serviços. É um modelo híbrido que exige um novo olhar regulatório”, explica o advogado Eduardo Tristão, do escritório Madrona Advogados.
Como envolvem saúde e hospitalidade, o setor precisa dialogar com normas da Agência Nacional de Saúde (ANS) e da Anvisa.
Yang Yen Wang, CEO da BSL Saúde, reforça que é necessária uma mudança cultural:
“O brasileiro só pensa em moradia especial quando não tem mais jeito. É preciso quebrar o tabu de falar de envelhecimento no Brasil”.
A visão de Wang evidencia que o senior living não é apenas um mercado promissor, mas também uma transformação social e cultural.
Perspectivas de crescimento
Estudos da Brain e da Caio Calfat Real Estate Consulting apontam que até 2050, 30% da população brasileira terá mais de 60 anos, consolidando um mercado bilionário para empreendimentos adaptados. A tendência indica que mais incorporadoras investirão em moradias que combinem autonomia, segurança, serviços personalizados e infraestrutura de lazer, refletindo uma demanda crescente por qualidade de vida no envelhecimento.
O envelhecimento da população brasileira está redesenhando o mercado imobiliário, promovendo o surgimento de senior livings que oferecem liberdade, conforto e cuidado especializado. À medida que a sociedade envelhece, a expectativa é que essas moradias se multipliquem em diferentes regiões do país, consolidando um novo nicho que alia negócio, inovação e responsabilidade social.
COMENTÁRIOS