Do Burj Khalifa ao seu condomínio: estratégias do maior arranha-céu do mundo que podem transformar a gestão condominial
Práticas de eficiência, tecnologia e valorização imobiliária aplicadas em Dubai podem servir de inspiração para síndicos e administradores brasileiros.

Do Burj Khalifa aos condomínios brasileiros: lições de gestão da maior torre do mundo
O maior arranha-céu do planeta, o Burj Khalifa, em Dubai, é mais do que um ícone arquitetônico: é uma verdadeira “cidade vertical”, que abriga 900 apartamentos, 37 escritórios, hotel de luxo, restaurantes, lojas, uma mesquita e uma plataforma de observação. Além dos moradores, o prédio recebe anualmente cerca de 17 milhões de visitantes.
Para manter em funcionamento essa engrenagem colossal, a gestão condominial vai muito além das rotinas tradicionais. “O Burj Khalifa não é um edifício, é uma comunidade vertical. Em determinados momentos, temos 10 mil pessoas circulando ao mesmo tempo. São 57 elevadores, 26 mil janelas para limpar, 360 mil luminárias e o consumo diário chega a 1 milhão de litros de água”, detalha Jeevan D’Mello, especialista em gestão condominial que atuou como síndico do prédio por 12 anos.
No Superlógica Next, D’Mello destacou pontos que podem ser aplicados a condomínios de qualquer porte. A principal lição: planejamento financeiro de longo prazo. “Precisamos ter fundo de reserva para uso futuro, porque daqui a 10, 15 ou 20 anos, os equipamentos precisam ser substituídos. Manutenção preventiva, corretiva e reservas de emergência não são apenas uma planilha: são uma estratégia”, afirma.
Desafios globais e realidade latino-americana
Enquanto Dubai enfrenta os desafios de administrar uma cidade suspensa no céu, na América Latina as dificuldades giram em torno de eficiência e relacionamento. Para Albano Laiuppa, diretor executivo da ConsorcioAbierto (Argentina) e da Properix (Colômbia), o segredo é compreender as dores de síndicos e moradores e transformá-las em soluções práticas.
“Não há atalhos. É um mercado relacional. Traduzimos os problemas reais em plataformas digitais que facilitam a gestão”, explica.
A tecnologia, aliás, é um eixo central dessa transformação. Sistemas de gestão integrados já permitem unificar pagamentos, seguros, comunicação e até inteligência artificial em uma mesma plataforma.
“O futuro é a IA aplicada à comunicação, tornando-a mais eficiente e reduzindo o tempo gasto em tarefas operacionais”, avalia Raúl Villarreal, CEO da Axcent.
O novo perfil do síndico
A função do síndico também passa por uma transformação. Para Marwa Hage, CRO da Munily (Panamá), o papel tende a ser cada vez mais estratégico.
“Hoje, o administrador passa boa parte do tempo apagando incêndios. Daqui a cinco anos, terá que saber analisar dados, utilizar ferramentas tecnológicas e atuar lado a lado com a inteligência artificial”, afirma.
Ainda assim, especialistas ressaltam que nenhuma tecnologia substitui a empatia. D’Mello lembra que a satisfação dos moradores continua sendo prioridade, mesmo em um gigante como o Burj Khalifa:
“Se o cliente não está feliz, ninguém fica feliz. Organizamos eventos, newsletters e iniciativas de convivência porque o prédio, além de espaço físico, é uma janela para o mundo”.
A lição que fica: seja em Dubai ou no Brasil, a gestão condominial de excelência exige planejamento financeiro, uso estratégico de tecnologia, foco em relacionamento e compromisso com a experiência do morador.
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